Enrico parecia não ser mais a
mesma pessoa. Alguém que adorava ficar em público agora não gostava mais de
multidões. Ficava irritado, se escondia, se fechava. Luísa começou a achar tudo
isso muito estranho, estaria ele envelhecendo? Ela também não gostava de
multidões, porém, na verdade, nunca
gostou.
Por outro lado, Martino sempre
foi um doce com Luísa, sorria sempre que a encontrava, agradecia-lhe muito os
presentes. Ele normalmente era assim, simpático, alegre, paciente.
Talvez só agora Luísa
estivesse percebendo tudo isso, olhando para trás e vendo o quanto Martino
tinha sido seu anjo, mesmo que um pouco de longe, ele, o amigo de Enrico
Ela não aguentava mais o jeito
estranho que Enrico passou a ter, algumas vezes um molecão simpático, outras um
ser fechado em seus próprios pensamentos e em suas próprias manias.
Ela decidiu ir à Espanha, lá
encontrou seu ex-marido que, do contrário, se tornara alegre, muito mais calmo
e tranquilo. Saíram algumas vezes e ele a fazia rir. Não tinha mais vontade de
voltar à Itália e se mudou definitivamente para Madri, voltando a ficar com o
ex-marido. Trouxe sua filha cujo o pai era Enrico. Luísa também tinha outra
filha, adotiva, com seu ex-marido e as duas crianças conviviam muito bem.
Enrico não se importou com a decisão de Luísa, até achou melhor, já que agora
estava cheio de trabalho, até uma autobiografia resolveu escrever.
Luísa, então, se deu conta que
seu primeiro e grande amor de infância deveria ser seu grande amigo e assim
foi. Também se tornou mais próxima de Martino, mais ainda do que de Enrico, seu
anjo estava sempre por perto, para sempre.