quinta-feira, 28 de julho de 2016

Sara e a vida curtida




Sara era uma adolescente que sonhava alto, queria fazer uma faculdade em uma cidade grande, longe de sua cidade pequena. Depois de se formar já ficar nessa cidade, conseguir um bom emprego, continuar estudando, juntar um bom dinheiro, viajar, comprar um carro, uma boa casa e daí sim, casar e ter filhos.
Cora, sua melhor amiga, era totalmente diferente, sonhava em se formar numa faculdade o mais próximo possível de sua cidade, conseguir um emprego, casar e ter filhos.
Como eram diferentes, mas com tantas coisas em comum e uma amizade muito forte, eram como irmãs.

O tempo passou e as coisas foram acontecendo... As duas foram seguindo os caminhos planejados e trilhados passo a passo. Foram seguindo o que plantaram. Contudo, isso foi separando-as fisicamente. Ainda bem que a tecnologia não deixou que elas se separassem de vez. Se falavam todos os dias fosse via aplicativo de mensagem instantânea ou via e-mail ou telefone... Porém as duas estavam diferentes, principalmente Sara que havia conseguido estudar em uma grande Universidade em uma cidade também grande. Estava fazendo mestrado em sua área, era geógrafa e sua pesquisa era na área de meio-ambiente e sustentabilidade. Já Cora tinha feito Administração, já estava com 25 anos, morando em sua casa simples, casada, trabalhando para a pequena prefeitura e esperando seu primeiro filho.

Ao terminar o mestrado Sara conseguiu um cargo melhor onde tinha começado como estagiária. Era uma estatal, ela já tinha prestado concurso e agora com o mestrado conseguiu subir de cargo. Ganhando melhor e com seus 31 anos começou a juntar um dinheirinho para sua casa, pois, não aguentava mais morar em apartamento. Queria um bairro melhor, com segurança 24 horas. Encontrou um terreno num lugar assim, construiu a casa como queria e se mudou. Já tinha seu carro e agora começou a juntar dinheiro para o que mais queria fazer, viajar pelo Brasil e pelo mundo, conheceu a América do Sul, do Norte, a Europa, todos os lugares que sonhava ir. Estava com 37 anos quando conheceu seu namorado, namoraram por 2 anos e com 39 Sara casou e teve seu primeiro filho aos 40.

Cora com a mesma idade da amiga já tinha dois filhos, um de 15 anos e outro de 10. Nada tinha mudado muito em sua vida.

Quando ainda tinham 35 anos, depois de um bom tempo sem se verem pessoalmente, se encontraram. Sara estava louca para viajar sozinha com a amiga:

-Vamos amiga! Vai ser uma vigem muito divertida para a Itália! É um cruzeiro só para mulheres!

-Não posso amiga, não posso deixar meu marido e meus dois filhos... O mais velho já está com 10, mas o mais novo ainda tem 5... E depois, com dois filhos, todos os gastos com roupa, comida, saúde não tenho tido como juntar dinheiro...

-Ai que pena...

-Mas vá, você! Quem sabe não encontra um italiano e fica por lá!

-Não... Nem penso nisso... E nem quero ainda. Estou bem assim, livre e sem filhos. Vai ter uma grande exposição também de meu artista plástico favorito em Montevidéu e acho que vou pra lá...

Então, as duas continuaram conversando animadamente, porém, Cora tinha que ir pegar os filhos na escola. Se despediram. No dia seguinte Sara voltou para sua cidade.

Aos 45 anos, com um filho de 15 e outro de 20, Cora se divorciou e foi para a cidade de Sara. As duas, quando se encontraram, conversaram muito.

-Puxa amiga, que chato isso que aconteceu contigo...

-Pois é, a nossa vida caiu em uma mesmice que não dava mais... Depois que tivemos filhos senti que tudo começou a balançar devagarinho e devagarinho. Ficamos juntos acho que mais pelas crianças mesmo. Porém, tem hora que não dá mais... Eu acho que tivemos filhos muito cedo, talvez tivéssemos esperado para casar e ainda mais para ter filhos. Não estávamos tão maduros, não tínhamos tanta experiência. Tínhamos acabado de sair da adolescência há muito pouco tempo.

-É amiga, vocês também começaram a namorar cedo. Eu me lembro que eu saía para ir às boates, saíam com uns caras, nada de compromisso e você já namorava sério o seu ex-marido.

-É verdade... Contudo, agora vou me mudar com as crianças para cá, assim o mais velho vai poder escolher uma boa faculdade e o mais novo vai poder se preparar bem para o vestibular. Vou exonerar meu cargo lá e prestar um novo concurso aqui.

-Soube que haverá para a prefeitura! E precisam de gente com Administração!

-Eu sei! Pesquisei e já comecei a estudar. Todos esses anos de trabalho também vão me ajudar.

E assim tudo aconteceu, Cora colocou todos seus planos em prática, passou no concurso, trouxe o tempo da outra prefeitura para seu novo cargo já pensando na aposentadoria, seu filho mais velho entrou numa grande universidade pública e quando estava quase terminando-a conseguiu um estágio na Europa por 6 meses. Cora deu o maior apoio, inclusive pagou curso de inglês para o menino que acabou indo. O mais novo entrou numa grande faculdade porém em outro Estado e se mudou. Cora achou ótimo que os filhos estavam tendo experiência de crescimento, de viverem longe e sozinhos como ela não teve por puro medo. E quando o mais velho voltou estava com outra cabeça, mudado, muito mais maduro e quando o mais novo terminou a faculdade foi fazer um curso de um ano fora e também voltou diferente, mais maduro com a experiência de também ter criado suas próprias asas e voado. Ambos voaram para longe, saíram de sua zona de conforto, enfrentaram o mundo e aprenderam muito, amadureceram de verdade. Cora tinha orgulho deles, assim como tinha orgulho da amiga que também fez como seus filhos. E ela pôde entender o que Sara sempre dizia sobre criar asas, voar para bem longe e voltar crescido, amadurecido sem ter medo do mundo, pois, a vida passa rápido demais para ficarmos parados apenas seguindo o trivial, é preciso ir além, é preciso viver de verdade.

Por: Karin Földes

terça-feira, 19 de julho de 2016

Poesias






“Idas e vindas”

Às vezes me esqueço de alguém
As vezes as lembranças vem.

Quando esqueço, as palavras calam.
Quando lembro uma vida vivo novamente,
O coração bate diferente.

Ir e vir.
Vir e ir.
A importância existe, mas nem sempre
Pode estar presente.

É como o inverno e o verão
O calor que nem sempre pode estar ali.


  

“Menino especial”

Um vento sopra em meu rosto
Tarde da noite.
Durmo.
Em meus sonhos percebo um beijo,
Alguém que, antes,
Conversa comigo.

Um anjo, um menino, não sei...
Vem do gelo e com seu calor
Faz bater mais forte meu coração.

As palavras se escondem, porém,
Fluem em um rio secreto
Onde sempre fluíram.




“Histórias irônicas”

Vidas que se cruzam tão
Ironicamente.

Destino que confunde uma
Feiticeira.

Duas infâncias tão longínquas,
Porém, tão iguais.

Um menino e uma menina tão parecidos,
Contudo, que não se encontraram
Em suas juventudes.

Lutaram sempre pelas mesmas
Coisas separadamente.

Histórias do destino.
Ironias do destino.

Jogos da vida.


By Karin Földes

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Como amigos


Um amigo de palavras,
Palavras de poeta, poucas palavras
Em poucos encontros.

Amigo de um abraço,
Um sorriso,
Uma lembrança boa,
Mesmo que sejam curtas e poucas.

Amigos distantes,
Mas que fazem
Bater o coração.

Amigos que com pequenos gestos
Nos tocam e com outros
Nos ensinam tanto.

Amigos só para o coração.
Amigos que são amigos.

(Karin Földes)

terça-feira, 12 de julho de 2016

“Aos 40”



A tranquilidade de saber que o que
Tinha de ser feito, foi feito.
Agora apenas deixar a vida caminhar.

Nada se constrói exatamente como queremos
Pela falta de experiência e maturidade.
A ânsia de querer viver tudo na juventude
Simplesmente se passa e se vê que a vida
É bem diferente do que se sonha na juventude.

Enfim, a maturidade.
Diferentes expectativas.
Diferente visão de mundo.
Experiência vividas.
Um planejar menos e um viver mais,
Um não esperar tanto.
Um não sonhar tão alto.
Algo mais realista, uma visão mais realista.
Uma tranquilidade de alma que chega
Na metade da vida.



“Terra natal”






A viagem não é longa,
Não é curta.

Passam represas, montanhas, cidades
Importantes.

Começa-se a subir a serra e na
Altitude encontrar mais e
Mais beleza.

No meio da Mantiqueira tão linda,
A divisão de meus dois Estados
Natal e de criação.

Cidadezinhas que nos trazem
A paz e nos alimentam
Com suas gostosuras típicas.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Mãe Terra




Mãe Terra que me abençoa com sua generosidade. É tão bom contigo poder estar, te sentido, te apreciar.

Deitada em teu verde sinto teu abraço, o sol me aquece de carinho,
o vento acaricia meu rosto.

Quando estou contigo estou em paz, me energizo contigo. Nasci de teu ventre. Sou irmã de todas as espécies que são anjos que me protegem.

Que todos os espíritos das florestas, água, ar e fogo te protejam, minha Mãe, de toda maldade humana. E que os seres humanos se conectem a ti te percebendo como a grande Mãe, a grande Deusa como seus antepassados já faziam.

Karin F