sexta-feira, 27 de maio de 2016

Simplesmente a vida

Morar no campo, nas montanhas sempre foi tudo para Sofia.

Em sua chácara há milhares de cavalos, porcos, coelhos, gatos e cachorros, todos de estimação. O jardim está sempre impecável, muitas flores, muitas árvores e no meio de tudo um rio de águas cristalinas.

Não muito longe dali ela compra de seus próprios vizinhos doces e massas caseiras e naturais. E de sua horta ela tira o que precisa para comer, já que, como vegetariana não precisa de carne.

Sua religião é pagã e sua maior deusa é a Mãe Natureza. Gosta da vida simples, trabalha como jornalista no jornal da pequena cidade onde mora. Sua irmã Flor cursou Licenciatura em Música na mesma faculdade onde Sofia cursou Jornalismo. Flor leciona música na única escola da cidade. As duas tinham um amigo em comum, Fernando, amigo de infância que tinha se formado na mesma universidade que elas, mas, em Biologia, se tornando mais tarde botânico e pesquisador de toda flora da região onde mora. Também um apaixonado e colecionador de orquídeas. Todos cresceram naquela cidadezinha de cinco mil habitantes no meio da Serra da Mantiqueira em Minas Gerais. Saíram juntos e voltaram pra lá apenas para cursarem a faculdade em uma cidade um pouco maior, de cem mil habitantes.

Próximo à cidade onde Sofia mora há um observatório e há tempos ela não ia até lá. Então, convidou Fernando para irem juntos. Era junho, o tempo seco e o céu bem aberto, foi possível ver todas as constelações e a lua. Saindo de lá pararam em um mirante que havia mais abaixo do observatório. Ali ficaram sozinhos conversando até que perceberam o quanto eles têm em comum e resolveram ficar juntos, passaram a ser mais do que amigos, agora eram namorados.


No dia seguinte, um Sábado, sua irmã acorda:

-Sofia, está um dia lindo! E sabe o que eu achei? Aqueles velhos patins e soube que na cidade há agora um lugar para andar de patins! Vamos! Levante! Vamos lá!

-Flor, eu estou acordando agora...

-Tá. Vou te dar um tempo para acordar, tomar um café e se aprontar para irmos, certo?

-Certo... (bocejando)

Logo as duas irmãs estavam indo juntas para patinar como não faziam há anos. E foram de bicicleta com os patins nas costas. Se divertiram muito e, aproveitaram cada minuto.




terça-feira, 24 de maio de 2016

Tanto tempo, doce lembrança




Um quarto de década
um sonho se realizava, certo,
de um amor mais perto.

Simples assim.
Lembrou de mim.
Cheiro de jasmim.
A surpresa de um sim.

A doce transparência.
A adolescência. 
Brilho no olhar.
Tão doce o amar.

Noite especial.
Ingênua e sem nenhum mal.
De ninguém precisa do aval.
Tudo era tão natural.

Menina que voava como
uma fada.
Que vivia um momento
em cada.

Doces recordações.

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Karin F

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Esperança de menina




Procuro aquela menina
E seu grande amor.
 
Andou escondida, sumida
Pela dor.
 
Através dos espelhos da vida
Eu a encontrei.
E a ela meus conselhos eu dei.
 
Não se esqueça daquele que
Sempre foi seu norte,
Aquele que sempre te fez
Tão forte.
 
Conte a ele a verdadeira história,
Aquilo que guardas em tua memória.
 
A esperança de encontra-lo de novo
Te fará seguir te verdadeiro caminho mais uma vez.
 

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Apenas um mistério






Preciso parar com isso.
Preciso encontrar o caminho.

Andei, andei, andei
E ainda não me dei conta onde cheguei
E se cheguei.

Algo sei que conquistei,
Mas algo errado ainda continua.

Passo a passo.
Não sei onde chegar.

Sonhos.
Ilusões.
Uma vida que passou.

Bato em todas as portas

E sei que um dia a certa se abrirá.

By Karin Földes

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Em inglês

In the early days the things
were just starting
now it's finishing.

he is saying goodbye
and I don't know why.

Don't leave in my
heart this big room
hope you come back soon.


By Karin Földes

domingo, 1 de maio de 2016

Vivendo nos sonhos da história

No meio da Serra do Mar havia uma casa no caminho para o litoral. Cidade pequena, mas com seus quase 250 anos. A casa ficava um pouco afastada da cidade em um sítio tranquilo de onde só escutava os grilos, os passarinhos, os sons da natureza e ao longe os carros que passavam na estradinha. Sem internet, sem TV, como se estivesse em uma terra de mitos, segura.

A casa da época do ciclo cafeeiro tinha seus mais de cento e vinte anos. Tombada pelo patrimônio histórico. Arquitetura típica da época nas paredes, portas e janelas. Encanamento e eletricidade adaptados. A eletricidade vinha de pequenos postes que atravessavam a Serra. Assoalho de madeira, divisão diferente dos cômodos.

Sentada em uma cadeira de balanço à noite ficava imaginando aquelas sinhás e suas negras que legalmente não eram mais escravas, mas que a gente sabe que ainda estavam lá. Passavam de um lado para o outro com candeeiros na mão ou velas. Cozinhavam naquele fogão à lenha que ainda estava ali e passavam roupa com ferros em brasa como aqueles que também ainda estavam ali. O banheiro não existia, deveria ser a despensa da casa e em algum lugar fora da casa deveria ficar o banheiro. A entrada por uma escada até a sala, os possíveis toucadores.

À noite deveriam ler algo que vinha da Europa ou no máximo um texto de José de Alencar. Machado de Assis estava a publicar ainda seus textos na época...

De repente me vejo transportada para aquele tempo, eu com quarenta anos já era uma sinhá mais velha que lia à luz de vela os Lusíadas de Camões. De repente aparece a ex - escrava e diz:

-Sinhá vai precisar de mim ainda?
-Não. Pode ir deitar-se.
-Sinhazinha já está dormindo. Preciso apenas avisar voismissê que amanhã é dia de ir até a cidade comprar mantimentos para a despensa.
-Tudo bem. Iremos até lá. Tenha em mãos o que está em falta na casa.
-Sim senhora. Boa noite.
-Boa noite.

No dia seguinte, pegamos a carruagem e fomos até lá. Aproveitamos e paramos na igreja matriz para conversar com o padre. Sinhazinha, minha filha de vinte anos já estava velha para casar...Ainda bem que havia arrumado um bom moço em um dos bailes que foi e o casamento estava marcado.
Voltamos à casa grande, algo estava diferente. O sol batia em meu rosto, havia dormido ali mesmo. E, imaginando o passado acabei por entrar nele...